segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

(Pseudo)-Solidariedade


Mais um Natal que já lá vai e com ele uma das principais “chagas” da actual sociedade consumista: a pseudo-solidariedade que invade o espaço público e mediático sempre que se chega a Dezembro. Quando se aproxima esta altura do ano, multiplicam-se as campanhas de solidariedade e os pedidos de colaboração com as mais diversas causas, muitas vezes à custa de caras conhecidas ou de casos de extrema precariedade. Mas a solidariedade não se deve praticar e propagandear apenas porque é Natal – deve ser uma constante em todos os momentos da na nossa vida. Porque ajudar o próximo ou a comunidade em que nos inserimos é um dever de todos de que a maioria só se lembra futilmente nesta altura ano, com muitos gorros vermelhos e elevadas doses de hipocrisia à mistura.

CP

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Direitos...


Celebraram-se no passado dia 10 de Dezembro os 60 anos sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o documento onde se defende que “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos” e que, “dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”. Mas se a declaração teve na sua génese os resquícios da II Guerra Mundial, seis décadas depois os 30 artigos que a compõem fazem cada vez mais sentido num mundo pejado de iniquidades, onde a ética deixou de ser uma palavra com sentido e em que a imoralidade vale mais que a consciência tranquila.

CP

... E deveres


No início do mês, os portugueses usufruíram desses caprichos do calendário que são os feriados à segunda-feira, sinónimo de fim-de-semana alargado. É legítimo que cada um aproveite da melhor forma esta “trégua” laboral, mas sem abdicar dos seus deveres na… sexta-feira. Sobretudo quando se é deputado da nação, levando para casa um chorudo cheque no final de cada mês. Mas não foi isso que fizeram três dezenas de deputados do PSD e mais uns quantos dos outros partidos, que à “boleia” do fim-de-semana alargado resolveram fazer “gazeta” aos trabalhos da Assembleia da República, defraudando os eleitores que neles confiaram e dando uma péssima imagem do funcionamento no nosso sistema político.

CP

Padre Júlio Lemos apresenta livro em Sabóia

O Centro Cultural e Recreativo de Sabóia, no concelho de Odemira, recebe este domingo, 21, pelas 15h30, a apresentação do livro 20 Horas, da autoria do padre Júlio Lemos. Editado pela Papiro Editora, a obra tem por base o percurso religioso do pároco, com particular destaque para episódio de sequestro vivido pelo próprio no Estabelecimento Prisional de Pinheiro da Cruz, quando em Novembro de 2006 dois reclusos o mantiveram em cativeiro durante 20 horas. Actualmente, Júlio Lemos é responsável pelas paróquias de Sabóia e Santa Clara-a-Velha.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Odemira recebe encontro de bandas


O cine-teatro Camacho Costa, em Odemira, recebe este domingo, 14, pelas 16h30, o concerto da décima edição do encontro de bandas civis. A iniciativa arranca um pouco antes, às 15h00, com uma arruada e integra o programa dos festejos do 19º aniversário da Banda Filarmónica de Odemira. Como convidadas vão estar as bandas da Associação Filarmónica de Faro e da Sociedade Filarmónica Reguenguense, de Reguengos de Monsaraz.

Homlet "fecha" trilogia


“O Triunfo de Cabeçalho” é o título da nova produção que a Homlet – Companhia de Teatro da Sociedade Capricho Bejense estreia este sábado, 13, na sala-estúdio do Teatro Pax Julia, em Beja. A peça sobe ao palco às 16h00 e 17h30, repetindo às 16h00 de domingo, 14. Com encenação, direcção de actores, coreografia e concepção plástica de David Silva, “O Triunfo de Cabeçalho” é a terceira parte da trilogia iniciada com “A Revolta dos Desenhos” e continuada com “A Revolta de Rodapé”.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Século Oliveira


Admire-se ou não a personalidade, goste-se ou não da sua obra, Manoel de Oliveira é hoje um dos símbolos da cultura de Portugal no mundo, a par de José Saramago e Amália. E não é qualquer um que consegue celebrar 100 anos de existência com a mesma lucidez e vontade de trabalhar. Este é o século Oliveira! Parabéns...
CP

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Banda de Aljustrel celebra aniversário


A Sociedade Musical de Instrução e Recreio Aljustrelense (SMIRA) termina este fim-de-semana as celebrações do 32º aniversário da sua reorganização. No sábado, 6, terá lugar um encontro entre as orquestras juvenis de Arrentela e Aljustrel (às 15h00), seguindo-se no domingo, 7, o concerto com as bandas filarmónicas da SMIRA e da União Arrentelense.

Mês das marionetas em Castro Verde


Dezembro é o mês das marionetas em Castro Verde, com uma série de iniciativas promovidas pela autarquia local. Esta sexta-feira, 5, termina no Fórum Municipal um atelier de teatro de sombras, enquanto que no mesmo local, mas até ao próximo dia 13, vai estar patente uma exposição de marionetas. Por sua vez, este sábado, 6, é apresentado no cine-teatro municipal, pelas 21h30, o espectáculo “Mestre Gepeto”, com encenação de Carla Magalhães e interpretação de Alexandre Vorontsov.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

É triste...


O PSD merece mais e Portugal exige que o maior partido da oposição tenha uma liderança mais consistente, preparada e capaz de obrigar Sócrates a ter outra eficácia. Contudo, aquilo a que assistimos é um Triste desfile de deslizes e alguns disparates, que arrepiam a militância social-democrata e dão espaço para o primeiro-ministro aliviar das pressões dos últimos tempos. Porque Manuela Ferreira Leite não se poupou, como demonstram algumas das suas “brilhantes” intervenções. Incitada a explicar se as grandes obras [aeroporto, TGV, auto-estradas] contribuem para aliviar o desemprego, a líder do PSD ripostou: “Ao desemprego de Cabo Verde, desemprego da Ucrânia, isso ajuda. Ao desemprego de Portugal, duvido”. Dias depois, resolveu dizer que “enquanto o sistema jurídico não for eficaz, o polícia está transformado num palhaço, porque prende um indivíduo e meia hora mais tarde [ele] está na rua”. A saga prosseguiu com um “nota” aos jornalistas para advogar que “não pode ser a comunicação social a seleccionar aquilo que transmite”. Como se isto não bastasse, a líder do PSD quis continuar a falar e, qual “cereja no topo do bolo”, admitiu a hipótese de ser “bom haver seis meses sem democracia” para “pôr tudo na ordem” no sistema de justiça português.Chegados a este ponto, o PSD apressou-se a dizer que a sua presidente estava a ironizar e a oposição lamentou o extremado deslize. Ora se tudo isto não fosse tão sério, poderíamos dar apenas uma gargalhada. Mas, na verdade e para desgosto de quem ainda encara a política como alguma coisa que é séria, estamos a falar da pessoa que orienta o maior partido da oposição e que aspira a ser chefe do Governo português. Em tudo isto há algo de muito errado, mas nenhuma surpresa. Manuela Ferreira Leite pode ser uma competente economista, mas as marcas da sua inabilidade política já tinham sido apresentadas ao país quando liderou as pastas da Educação e, mais tarde, das Finanças. Portanto, perante as repetidas inaptidões, somos obrigados a dar razão àqueles 60% de militantes do PSD que preferiam Passos Coelho ou Santana Lopes (!). E quem não percebeu porque é que Manuela Ferreira Leite ganhou com tão pouca vantagem, tem agora todas as provas que explicam como grande parte da militância social-democrata conhece muito bem a sua própria casa.

AJB

Vítor Encarnação apresenta "Maturação"


O Museu da Lucerna, em Castro Verde, recebe esta quinta-feira, 4, a apresentação do livro de poesia Maturação, da autoria de Vítor Encarnação, cronista do "Correio Alentejo".

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Vila Alva dá a provar vinhos do tareco


Vila Alva, no concelho de Cuba, recebe este sábado, 22, a terceira edição da prova de vinhos do tareco. A iniciativa integra várias actividades culturais e desportivas, além da tradicional prova dos vinhos caseiros de Vila Alva por provadores profissionais, com a atribuição de prémios aos melhores vinhos.

Banda do Exército fecha festival em Odemira


A Orquestra Ligeira do Exército encerra este sábado, 22, a primeira edição do Festival de Bandas Filarmónicas e Orquestras, com um espectáculo no Cine-teatro Camacho Costa. A iniciativa resultou de um protocolo estabelecido entre o município e a Banda Filarmónica de Odemira com o objectivo de incentivar a aprendizagem, da música, bem como promover este género musical.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Dama de papel


Pedro Santana Lopes pôs-se a jeito e Manuela Ferreira Leite, na gestão meticulosa dos seus silêncios, não foi capaz de dizer-lhe que não o queria como candidato em Lisboa. Assim, com a mesma naturalidade com que encolhe os ombros perante todos as travessuras que vem cometendo, o “menino guerreiro” prepara-se para mais um grande desafio. E com isto, o PSD deu um bom contributo para descredibilizar ainda mais os partidos e os políticos. Porquê? Por falta de coerência e coragem da sua líder, que pregou muito como “dama de ferro” para chegar à presidência do partido e agora, perante a urgência dos resultados, apresenta-se como sempre foi, por exemplo nos memoráveis desempenhos que teve nos ministérios da Educação e das Finanças: uma verdadeira “dama de papel”.

AJB

Noite de fados em Amoreiras-Gare


O Centro Social de Amoreiras-Gare recebe este sábado, 25, uma noite de fados, com a participação dos fadistas Américo Palhinha, Ana Valadas, António Ramos, António Rosa, António Vaz, Celestino Rapazinho, Deolinda Rocha, Gabriel Jesus, Manuel Marques e Nuno Amaro. A iniciativa, agendada para as 21h30, é promovida pela Associação para o Desenvolvimento de Amoreiras-Gare e pelo Grupo Desportivo e Recreativo de Amoreiras, com o apoio da Junta de Freguesia local e da Câmara de Odemira.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Rádios


Para quem faz da informação um dever e da rádio uma paixão, acompanhar o dia-a-dia das estações locais do distrito de Beja é, por vezes, pouco agradável e extenuante (para ser lisonjeiro). Sobretudo quando se tratam dos espaços noticiosos, que se repetem e repetem e repetem… Afinal, onde está o espírito empreendedor de outrora? Onde anda a astúcia na procura de factos além dos acontecimentos de agenda? Onde pára a imaginação na elaboração de conteúdos jornalísticos? Mais ou menos elitistas, mais ou menos urbanas, mais ou menos ouvidas, as rádios locais não devem abdicar daquele que é um dos seus deveres mais emblemáticos: informar os seus ouvintes sobre aquilo que acontece no país e, principalmente, na nossa rua e nas nossas terras. Fica o conselho…

CP

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Gorbachev


Segundo Mário Soares, Gorbachev foi o homem que “abriu as fendas da muralha por onde as correntes haveriam de passar, transformando-se em avalanche”. Ora, ele mesmo, Mikhail Gorbachev, 77 anos, o último líder da União Soviética, anunciou esta semana a fundação do Partido Democrático Independente da Rússia, do qual vai ser presidente honorário. Podemos estar perante uma aflitivo déjà vu, mas não deixa de ser interessante registar o regresso ao palco de uma figura com a dimensão política mundial de Gorbachev. Num país onde Putin põe e dispõe, com tiques da velha URSS quando se trata de lidar com os vizinhos do Cáucaso, pode ser que estejamos perante o ponto de partida para um novo ciclo.

AJB

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Doce poder


Ao contrário daquilo que seria mais saudável para a democracia e para o funcionamento das instituições, há um número muito significativo de autarcas, de todos os partidos, que perpetuam a sua ligação ao poder, encolhendo os ombros perante a verdadeira aridez que vão disseminando à sua volta, como se fossem verdadeiros “eucaliptos”! No distrito de Beja, figuras como João Rocha ou Fernando Caeiros (que ao fim de 32 anos entendeu finalmente que estava na hora de dar o lugar à renovação), para dar apenas dois exemplos, há muito tempo que deveriam ter optado por não se candidatarem à presidência das respectivas câmaras municipais, abrindo caminho a outras pessoas, novas dinâmicas e ideias mais frescas. É neste enquadramento que a lei que determina a limitação de mandatos não podia ser mais justa, embora demasiado tardia. Se merecer a confiança dos cidadãos, um projecto autárquico, seja ele qual for, pode ser planeado, desenvolvido e consolidado em 12 anos. Este é também o período de tempo adequado para evitar a instalação de um caciquismo que, tendencialmente, incute nos cidadãos uma incompreensível dependência e um receio de orfandade quando se anuncia a partida do “seu” presidente da Câmara.Infelizmente, muitos autarcas não querem perceber isto ou fazem para não perceber. Mas, é importante dizê-lo, a principal quota de responsabilidade nem sequer é sua. O verdadeiro cerne deste problema está nas direcções partidárias, que anseiam por contabilizar “lucros” políticos e arriscam pouco ou nada na mudança. E que melhor exemplo para ilustrar esta tese do que a recente decisão da presidente do PSD, que anunciou a recandidatura de todos os presidentes de Câmara do seu partido, como se nesse grupo de 158 autarcas não houvesse alguns a fazer mau trabalho e a merecer serem substituídos para não se correr o risco de repetirem o feito. Claro que esta tese de Manuela Ferreira Leite é usualmente adoptada no PS e no PCP. E isso explica muito sobre as conveniências que os partidos sustentam e que nem sempre explicam aos cidadãos.

AJB

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Honorabilidade


Depois do tribunal lhe ter dado razão, Ramalho Eanes abdicou de mais de 1,3 milhões de euros em retroactivos a que tinha direito relativos à reforma como general, que nunca recebeu devido ao facto de já receber outra reforma do Estado. Sobre a justiça de tal decisão (e acumulação) muito ficará (e estará) por dizer. Sobre a honorabilidade do general, o acto vale mais que qualquer palavra.

CP

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Castro Verde mostra cultura do Mediterrâneo


É já uma tradição. Ano após ano, sempre no mês de Setembro, o Mediterrâneo “galga” as margens da sua bacia afro-europeia e vem “desaguar”, durante um fim-de-semana, em Castro Verde. O resultado é o festival Planície Mediterrânica, iniciativa da Câmara Municipal local no âmbito da rede cultural Sete Sóis Sete Luas, que arranca esta sexta-feira, 12, e promete levar muita animação ao concelho do Campo Branco até domingo.
Música, oficinas de danças de tradição, polifonias alentejanas, exposições e muita gastronomia voltam a ser este ano os destaques do certame, que ambiciona, mais uma vez, constituir-se enquanto espaço de “partilha” e “construção” de valores, hábitos e costumes.
A abrir as “hostilidades” da Planície Mediterrânica vão estar os “Ganhões de Castro Verde” e a Orquestra Med’Set (criada no âmbito da rede Sete Sóis Sete Luas e composta por músicas portugueses, espanhóis, italianos e argelinos), que actuam no cine-teatro municipal pelas 21h30 de sexta-feira, 12. Antes, serão inauguradas as diversas exposições que vão estar patentes durante os dias do festival, enquanto que depois haverá baile com os portugueses No Mazurka Band e os italianos Triatriba (23h00), a abrir o apetite para “A Hora do Mata-bicho” (00h30).
No sábado, 13, a Planície Mediterrânica continua com diversos workshops e oficinas de dança, estando reservado para o final da tarde (18h30) o desfile e actuação dos espanhóis Xeremiers de Son Roca, do tocador de flauta de tamborileiro Diogo Leal e do grupo coral “As Vozes de Casével”. De noite, há música com o grupo de Violas Campaniças, os marroquinos Samira Kadiri & Arabesque e os italianos Assurd (21h30), antes do baile com os portugueses Farra Fanfarra (23h45).
O festival termina no domingo, 14, com mais workshops, um almoço “no altar do céu”, baile de danças de tradição, cante alentejano (com os espanhóis La Comparsa e os portugueses “Os Carapinhas de Castro Verde” e “Os Cardadores da Sete”) e teatro de rua, antes do concerto de encerramento, às 22h00, com as “Camponesas de Castro Verde” e a recém-criada Sete Sóis Orkestra [na foto].

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A agonia de Beja


A cidade de Beja está adormecida! O tórrido calor de Agosto e as centenas de veraneantes que procuraram outros lugares deixaram-na ainda mais sossegada e triste, talvez à espera de novos “amanhãs que cantam” ou de uma varinha de condão que acabe com o seu profundo estado depressivo. Para isso muito contribui o actual executivo camarário, que já leva quase três anos de trabalho, enredado numa exasperante falta de dinâmica e num jogo de pura táctica política.
A aquisição do ex-vereador socialista José Monge não parece ter sido grande ajuda para resolver o problema de algumas escolas e, por isso, há alunos que vão ter de continuar no Regimento de Infantaria. A solução até pode ser boa, mas o lugar das crianças é nas escolas… não num quartel! Em pleno Verão, este ano como sempre, as piscinas voltaram a abrir mais tarde do que todas as outras da região. No mercado municipal há assaltos, abandono, desalento dos comerciantes e falta de clientes. No comércio local há portas fechadas, montras corridas e um desânimo que mete impressão. O trânsito é o labirinto que há muito tempo se sabe e os parques de estacionamento subterrâneos estão às moscas. Já só faltava ter o Castelo fechado em Agosto! Coisa pouca, numa cidade onde o número de turistas nem sequer é animador e o monumento mais emblemático é precisamente a aquela distinta torre de menagem.
Dirão alguns que este é um quadro pessimista, mas a verdade é que não temos outro. Beja tarda em dar um pulo e abrir os horizontes! A cidade não pode continuar apenas a sobreviver, com uma gestão feita aos bochechos e assente em pequenas obras cirúrgicas, para captar votos e animar a malta!
É verdade que este executivo teve o condão de pôr as contas em ordem. Mas vale a pena recordar que, se os cofres estavam em “desordem”, a responsabilidade é exclusivamente da anterior maioria comunista liderada por Carreira Marques! Portanto, com três anos de trabalho, a CDU tinha a obrigação e a responsabilidade de apresentar em Beja muito mais do que uma mão-cheia de nada.

AJB

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Partidos


A cidade de Beja recebeu recentemente a visita de responsáveis pelo Movimento Mérito e Sociedade (MMS), o mais recente partido do espectro político nacional. Fundado pelo consultor e docente universitário Eduardo Correia, o MMS veio apresentar-se aos bejenses como um partido que, um pouco à boleia da “febre Obama”, pretende contribuir para tornar Portugal numa sociedade “mais eficiente e inovadora”, com “um modelo de governação orientado para a qualidade de vida dos cidadãos”.
Objectivos louváveis que, à partida, parecem condenados ao insucesso, pelo menos no actual (e imutável) sistema partidário português. Em Portugal, a política é como o futebol. Neste último, existem os três “grandes” e os demais clubes giram em sua volta. Na política, predominam os partidos já existentes, sobrando para os restantes movimentos/ pseudo-partidos um papel figurativo.
Daí que as mudanças necessárias na política portuguesa devem provir de dentro dos partidos e não destas novas estruturas similares, entretanto “maquilhadas” de movimentos cívicos. Porque é de dentro para fora que as sociedades se transformam. E só quando os actuais responsáveis partidários admitirem esta necessidade de mudar será possível combater o conservadorismo, o caciquismo e as “teias de aranha” no discurso que tantos criticam.

CP

quinta-feira, 31 de julho de 2008

A vitória do egoísmo


“A imprensa italiana noticiou esta semana a ‘indiferença’ dos banhistas que almoçavam e apanhavam Sol numa praia de Torregaveta, a escassos metros dos corpos de duas crianças ciganas que morreram afogadas. Segundo o jornal ‘La Repubblica’, Violetta e Cristina, de 11 e 12 anos, vendiam objectos na praia, na zona de Nápoles, com outras duas amigas (de 15 e oito anos) quando terão decidido tomar banho no mar. As raparigas não saberiam nadar e ter-se-ão afogado quando foram apanhadas numa onda. Os nadadores-salvadores só conseguiram salvar as amigas de Violetta e Cristina. Os seus corpos foram levados até à praia e cobertos com toalhas, o que atraiu a curiosidade dos banhistas. Mas por pouco tempo, porque depois dispersaram lentamente. Uma hora depois chegou a polícia que levou os corpos. Durante este tempo, poucos foram aqueles que deixaram de apanhar Sol ou de almoçar, a escassos metros dos corpos das crianças”.
A notícia foi recentemente editada no jornal “Público” e põe a nu a mais dura realidade em que vivemos. Perante a desgraça das minorias, o desalento dos pobres e o sofrimento dos mais desfavorecidos, há uma sociedade globalizada, cada vez mais insensível e debruçada sobre os seus compromissos egoístas.
Que faz cada um de nós para contrariar este quadro crescente de desumanização? Para onde caminha o nosso mundo, onde os valores individuais há muito que superaram a solidariedade, o compromisso colectivo e a relação fraterna entre as pessoas e os povos, independentemente das suas raças e credos?
Infelizmente, nem as sociedades nem os governantes agem para abrandar o problema. O que conta cada vez mais são as contas correntes de uma sociedade concentrada na economia e no valor do dinheiro. Com isto, estamos envolvidos numa equação cujo resultado está à vista: mais pobreza e mais desumanidade; mais egoísmo e mais consumo; mais indiferença e mais desalento. E que contributo dá cada um de nós para contrariar este estado de coisas? É uma boa pergunta, sobre a qual devemos ponderar e reflectir. Para percebermos se a culpa é apenas dos outros…

AJB

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Associativismo em crise


Certo dia, passava os olhos pelo extinto semanário desportivo “Topo Sul” e reencontrava muitas caras conhecidas, mas com os rostos bem mais joviais, com menos rugas e cabelos mais fartos. Apercebi-me então o quanto envelhecemos durante 10, 15 anos ou de como o tempo pode alterar drasticamente muita da nossa fisionomia.
Mas esta viagem pelo passado recente da região – ainda que filtrado pelas páginas de um jornal desportivo – serviu, igualmente, para constatar algo que é por demais evidente: somos cada vez menos. E quase sempre os mesmos a fazer as mesmas coisas. Dos jornalistas aos futebolistas. Dos políticos aos treinadores. Dos empresários aos dirigentes. E estes são sinais preocupantes para uma região que se encontra ainda no limbo entre o desejado desenvolvimento sustentado e a anunciada desertificação humana.
Com o passar dos anos, o Baixo Alentejo não soube renovar as suas gerações nem tão pouco segurar os poucos jovens que por cá nasceram. E com o avançar dos tempos, a região envelheceu, tornou-se depressiva e azeda, incapaz de encontrar alternativas que a catapultassem para outros estádios de desenvolvimento. Será culpa dos governos? Talvez… Dos políticos? Também… Mas a culpa é, sobretudo, de todos nós!
Mais que a falta de dinâmica económica, a região deixou-se enredar numa preocupante crise humana, sem pessoas interessadas e despidas de causas. Como escrevi no início do ano, nos tempos em que as dificuldades eram muitas e as condições de trabalho poucas, era comum os baixo-alentejanos abraçarem com vigor a causa das associações das suas terras. Mas hoje são poucos aqueles que disponibilizam o seu escasso tempo para o bem comum. Será apenas desinteresse ou também desilusão?
Neste quadro pardo, é difícil apontar soluções de forma clara e executá-las de maneira ainda mais eficaz. Afinal, este é um problema civilizacional, que atravessa o mundo de lés-a-lés e se torna ainda mais evidente no Baixo Alentejo. Mas há que combatê-lo. Desde logo na escola, apostando na formação e no civismo. E depois no seio das próprias colectividades, estimulando os mais novos a participarem de forma activa na sua vida e não fechando os “gabinetes do poder” à crítica ou restringindo-os aos “suspeitos do costume”. Pois se nem os diamantes são eternos, porque só agora alguns dirigentes compreenderam isso?

PS - A crise do associativismo regional tem agora como "exemplo prático" o adeus do Entradense ao futebol sénior. Algo que não deve ser encarado com a leveza de um assunto típico da silly season regional, mas sim levantar a reflexão. Porque mais portas podem estar para fechar. Hoje ou amanhã!

CP

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Noite de blues em Aljustrel


O Espaço Oficinas de Formação e a Animação Cultural de Aljustrel acolhe na noite desta sexta-feira, 4, às 22 horas, uma noite de blues com o grupo Old Blues Band. Com três músicos residentes e mais de dez anos de existência, a Old Blues Band é oriunda do Barreiro e conta com largas dezenas de espectáculos um pouco por todo o país. Este serão musical vem dar continuidade à iniciativa de “Animação do Pátio” que pretende oferecer ao público, às sextas-feiras, de 15 em 15 dias, até ao mês de Setembro, um espectáculo “que se destacará pela qualidade dos artistas”. O próximo espectáculo está previsto para o dia 11 de Julho, com a actuação da banda Anaquim.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Miguel e o país


Miguel Beleza foi ministro das Finanças de Cavaco Silva e, há poucas semanas, numa conversa em directo na Antena 1, no programa “Causa Nostra”, defendeu coisas verdadeiramente inesperadas. Ou talvez não! Disse, por exemplo, que não se importava de ser secretário de Estado de Pina Moura ou de Teixeira dos Santos. E até admitiu poder pertencer a um Governo de Guterres. Contudo, manifestou-se um convicto social-democrata e toda a gente o viu na televisão e nos jornais a abraçar calorosamente Manuela Ferreira Leite. Na verdade, Miguel Beleza é um político frontal e de bem com a vida. Um homem que pensa pela sua cabeça e que contorna a crise lembrando que o desemprego e a inflação são dos mais baixos da Europa. E que Lisboa “está cheia de turistas”. Ou seja, segundo este homem, Portugal não pode queixar-se muito e deve apostar cada vez mais no turismo – uma indústria limpa e muito lucrativa – e cada vez menos em sectores onde não pode ser competitivo. Pode ser que Miguel Beleza não tenha razão, mas tudo o que ele diz, com assombrosa simplicidade, dá muito que pensar!


AJB

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Aljustrel recebe exposição de fotografia

A fotografia terá um lugar de destaque a partir deste sábado, 21, na Biblioteca Municipal de Aljustrel com a inauguração da exposição “O Colectivo”do grupo F2.8, um colectivo de fotografia constituído em 2006. Trata-se de um grupo heterogéneo de fotógrafos com perspectivas e trabalhos bem diversos, mas com um ponto em comum: a dedicação à imagem e à fotografia. Partilhando a convicção de que a diversidade das visões, dos materiais, dos suportes, das técnicas, das temáticas, é acima de tudo enriquecedora, é, também, com essa diversidade que se movem enquanto ‘colectivo de fotografia’. O grupo já marcou presença em várias exposições no país, para além dos muitos projectos que têm, actualmente, em fase de realização. A exposição estará patente ao público até ao dia 31 de Julho.

Música moçambicana em Aljustrel


O grupo de música moçambicana Timbila Muzimba vai dar início esta sexta-feira, 20, às 22h00, ao primeiro espectáculo que a Câmara Municipal de Aljustrel tem agendado para este Verão, no âmbito da iniciativa “Animação do Pátio”, no Espaço Oficinas de Animação e Formação Cultural. Iniciativas semelhantes vão decorrer de 15 em 15 dias, sempre à sexta-feira, de Junho a Setembro, estando prevista a apresentação de variadíssimos momentos musicais.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Santana


Alqueva “está atrasada”, disse Santana Lopes esta semana. Ele diz e nós, que somos alentejanos e, se quisermos, sabemos que o empreendimento foi antecipado 12 anos e avança para estar concluído em 2013, só podemos sorrir perante a desfaçatez. Contudo, no resto do país, quando soa uma frase destas, as pessoas podem acreditar. E é por isso que Santana Lopes o afirma com aquele ar solene e indignado de quem não tem culpas em nenhum cartório da vida política portuguesa. É o populismo em estado puro.

AJB

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Agricultura


Os últimos tempos têm sido, no mínimo, “interessantes” para a agricultura baixo-alentejana. Dos investimentos espanhóis em olivais e lagares aos elogios do ministro da Agricultura à produção de uvas de mesa em Ferreira do Alentejo. Da afirmação extra-muros do sector vitivinícola ao aumento da cotação do trigo no mercado internacional. Agora, sabe-se também que o Baixo Alentejo será um dos principais fornecedores de sementes de girassol para a produção de biocombustíveis. E isto sem esquecer o prémio nacional conquistado recentemente por uma unidade de enoturismo da região. Todos estes são indicadores de um sector em plena mudança. De ideais e de atitude. Depois de anos a fio condicionada pelas culturas de sequeiro (e pelos caprichos do clima, cada vez mais complicados de entender), a actividade primária parece renascer numa região que, quase sempre, viveu do que a terra lhe concede. Sinais interessantes que deixam, igualmente, transparecer uma nova mentalidade entre os empresários agrícolas locais, aparentemente mais empreendedores e menos “pedinchões”. O que não é nada mau, pois 2013 é já ali e há que começar a preparar o futuro.

Carlos Pinto

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Liberdade


João Serpa andou nas bocas do mundo na passada semana. Tudo porque este membro do Sindicato da Construção Civil do Sul foi condenado a 75 dias de prisão devido a uma manifestação realizada de forma ilegal em 2005, sem que para tal tenha sido previamente notificado no intuito de melhor preparar a sua defesa. Numa situação que deveria motivar a reflexão sobre o actual estado da Justiça em Portugal ou o cada vez mais evidente desfasamento de algumas leis da Constituição, as vozes do costume optaram por utilizar o caso de João Serpa, que não vai além do foro jurídico, para endossar criticas ao Governo, acusando-o de estar a toldar a liberdade em Portugal. Contudo, não deixa de ser curioso que aqueles que mais aludem ao “tempo da velha senhora” para definir os dias de hoje sejam os mesmos que, enquanto força sindical, não deixam um secretário-geral escolher a equipa com que vai trabalhar. Ou que, enquanto força política, sejam aqueles que fazem a apologia de um Estado em que os cidadãos são forçados pela polícia a votar para a Assembleia Nacional, para a qual só se podem candidatar membros de um determinado partido. Serão estas as várias facetas da liberdade e da democracia?

Carlos Pinto

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Miguel Sousa Tavares


Sempre apreciei o trabalho de Miguel Sousa Tavares. Exceptuando a sua irascível costela portista [de FC Porto, entenda-se!], o antigo director da “Grande Reportagem” e autor de excelentes trabalhos jornalísticos sempre nos habituou a um equilíbrio límpido: contundente e mordaz quando tinha de ser, elogioso e lúcido se houvesse razão para isso!Nos últimos tempos, acomodado no pedestal dos grandes sucessos literários e em palanques confortáveis como o “Expresso” e a TVI, o Sousa Tavares de antigamente resvalou para uma atitude assoberbada. Leiam-se os textos sobre a Lei do Tabaco, a ASAE e outros que recentemente publicou. Descobrimos ali um homem extremado, com tiques de cegueira e muitas vezes nada tolerante. Será que é passageiro ou vamos ter o velho Miguel de volta?

AJB

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Quem é que percebe isto?


Marcelo Rebelo de Sousa é militante do PSD, já foi líder e pertence a uma “tribuna de barões” que, em todos os partidos, parece ter o direito de emitir sentenças sobre todas as coisas. Para essa conveniência, Marcelo tem um púlpito semanal de 40 minutos que a RTP lhe assegura, onde debita análises sobre tudo e sobre nada. Parece muito óbvio que o antigo líder laranja quer sustentar a sua aspiração a candidato presidencial. E é curioso que tenha uma “saudável” cobertura da imprensa, que não poupa em dar eco às sentenças do professor. Aliás, Marcelo consegue mais força mediática do que o próprio líder do PSD. Quem é que percebe isto?
AJB

"Das Märchen" no Pax Julia


"Das Märchen", do compositor português Emmanuel Nunes, tem hoje estreia mundial no Teatro de São Carlos, em Lisboa. Pode ser vista em directo em mais 14 teatros de Portugal. Um deles é o Pax Julia, na cidade de Beja.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Sem fumo... Finalmente!!!


Aos primeiros segundos do primeiro dia deste novo ano, os portugueses comeram passas, beberam champanhe, deliciaram-se com as explosões do fogo-de-artifício… E deixaram de ter o fumo dos cigarros como “companheiros de mesa” num qualquer café, restaurante ou estabelecimento similar.
Depois de muito apregoada, discutida e criticada, a nova lei que proíbe que se fume em recintos públicos fechados entrou, FINALMENTE, em vigor.
E reforço propositadamente o “finalmente” porque há muito que esta regra básica do civismo devia ser praticada entre os portugueses sem necessidade de recurso a imposições legislativas.
E se para os fumadores esta é uma lei repressiva e a roçar o fascismo – já que, argumentam, limita a liberdade da escolha individual de cada um –, para todos aqueles que não fumam este é um momento de “libertação”.
Uma liberdade que se vê no acto de deixarem de ser forçados a ter de aguentar o fumo maléfico (e malcheiroso) dos cigarros de todos aqueles que, sem pudor ou qualquer tipo de respeito, incomodam os que por legítima opção social, religiosa ou de saúde decidiram, simplesmente, não fumar.

Carlos Pinto

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

2008


As últimas semanas foram preciosas para dar a perceber que o ambiente eleitoral vai “aquecer” nos próximos meses. A data das eleições autárquicas começa a estar à vista e, naturalmente, há estratégias que assumem uma maior clareza. Veremos quem vai colher frutos da estratégia e do bom planeamento ou quem, em sentido contrário, vai ser esmagado por ter dado campo às hesitações e equívocos.

AJB