sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Dama de papel


Pedro Santana Lopes pôs-se a jeito e Manuela Ferreira Leite, na gestão meticulosa dos seus silêncios, não foi capaz de dizer-lhe que não o queria como candidato em Lisboa. Assim, com a mesma naturalidade com que encolhe os ombros perante todos as travessuras que vem cometendo, o “menino guerreiro” prepara-se para mais um grande desafio. E com isto, o PSD deu um bom contributo para descredibilizar ainda mais os partidos e os políticos. Porquê? Por falta de coerência e coragem da sua líder, que pregou muito como “dama de ferro” para chegar à presidência do partido e agora, perante a urgência dos resultados, apresenta-se como sempre foi, por exemplo nos memoráveis desempenhos que teve nos ministérios da Educação e das Finanças: uma verdadeira “dama de papel”.

AJB

Noite de fados em Amoreiras-Gare


O Centro Social de Amoreiras-Gare recebe este sábado, 25, uma noite de fados, com a participação dos fadistas Américo Palhinha, Ana Valadas, António Ramos, António Rosa, António Vaz, Celestino Rapazinho, Deolinda Rocha, Gabriel Jesus, Manuel Marques e Nuno Amaro. A iniciativa, agendada para as 21h30, é promovida pela Associação para o Desenvolvimento de Amoreiras-Gare e pelo Grupo Desportivo e Recreativo de Amoreiras, com o apoio da Junta de Freguesia local e da Câmara de Odemira.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Rádios


Para quem faz da informação um dever e da rádio uma paixão, acompanhar o dia-a-dia das estações locais do distrito de Beja é, por vezes, pouco agradável e extenuante (para ser lisonjeiro). Sobretudo quando se tratam dos espaços noticiosos, que se repetem e repetem e repetem… Afinal, onde está o espírito empreendedor de outrora? Onde anda a astúcia na procura de factos além dos acontecimentos de agenda? Onde pára a imaginação na elaboração de conteúdos jornalísticos? Mais ou menos elitistas, mais ou menos urbanas, mais ou menos ouvidas, as rádios locais não devem abdicar daquele que é um dos seus deveres mais emblemáticos: informar os seus ouvintes sobre aquilo que acontece no país e, principalmente, na nossa rua e nas nossas terras. Fica o conselho…

CP

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Gorbachev


Segundo Mário Soares, Gorbachev foi o homem que “abriu as fendas da muralha por onde as correntes haveriam de passar, transformando-se em avalanche”. Ora, ele mesmo, Mikhail Gorbachev, 77 anos, o último líder da União Soviética, anunciou esta semana a fundação do Partido Democrático Independente da Rússia, do qual vai ser presidente honorário. Podemos estar perante uma aflitivo déjà vu, mas não deixa de ser interessante registar o regresso ao palco de uma figura com a dimensão política mundial de Gorbachev. Num país onde Putin põe e dispõe, com tiques da velha URSS quando se trata de lidar com os vizinhos do Cáucaso, pode ser que estejamos perante o ponto de partida para um novo ciclo.

AJB

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Doce poder


Ao contrário daquilo que seria mais saudável para a democracia e para o funcionamento das instituições, há um número muito significativo de autarcas, de todos os partidos, que perpetuam a sua ligação ao poder, encolhendo os ombros perante a verdadeira aridez que vão disseminando à sua volta, como se fossem verdadeiros “eucaliptos”! No distrito de Beja, figuras como João Rocha ou Fernando Caeiros (que ao fim de 32 anos entendeu finalmente que estava na hora de dar o lugar à renovação), para dar apenas dois exemplos, há muito tempo que deveriam ter optado por não se candidatarem à presidência das respectivas câmaras municipais, abrindo caminho a outras pessoas, novas dinâmicas e ideias mais frescas. É neste enquadramento que a lei que determina a limitação de mandatos não podia ser mais justa, embora demasiado tardia. Se merecer a confiança dos cidadãos, um projecto autárquico, seja ele qual for, pode ser planeado, desenvolvido e consolidado em 12 anos. Este é também o período de tempo adequado para evitar a instalação de um caciquismo que, tendencialmente, incute nos cidadãos uma incompreensível dependência e um receio de orfandade quando se anuncia a partida do “seu” presidente da Câmara.Infelizmente, muitos autarcas não querem perceber isto ou fazem para não perceber. Mas, é importante dizê-lo, a principal quota de responsabilidade nem sequer é sua. O verdadeiro cerne deste problema está nas direcções partidárias, que anseiam por contabilizar “lucros” políticos e arriscam pouco ou nada na mudança. E que melhor exemplo para ilustrar esta tese do que a recente decisão da presidente do PSD, que anunciou a recandidatura de todos os presidentes de Câmara do seu partido, como se nesse grupo de 158 autarcas não houvesse alguns a fazer mau trabalho e a merecer serem substituídos para não se correr o risco de repetirem o feito. Claro que esta tese de Manuela Ferreira Leite é usualmente adoptada no PS e no PCP. E isso explica muito sobre as conveniências que os partidos sustentam e que nem sempre explicam aos cidadãos.

AJB