segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Agricultura


Os últimos tempos têm sido, no mínimo, “interessantes” para a agricultura baixo-alentejana. Dos investimentos espanhóis em olivais e lagares aos elogios do ministro da Agricultura à produção de uvas de mesa em Ferreira do Alentejo. Da afirmação extra-muros do sector vitivinícola ao aumento da cotação do trigo no mercado internacional. Agora, sabe-se também que o Baixo Alentejo será um dos principais fornecedores de sementes de girassol para a produção de biocombustíveis. E isto sem esquecer o prémio nacional conquistado recentemente por uma unidade de enoturismo da região. Todos estes são indicadores de um sector em plena mudança. De ideais e de atitude. Depois de anos a fio condicionada pelas culturas de sequeiro (e pelos caprichos do clima, cada vez mais complicados de entender), a actividade primária parece renascer numa região que, quase sempre, viveu do que a terra lhe concede. Sinais interessantes que deixam, igualmente, transparecer uma nova mentalidade entre os empresários agrícolas locais, aparentemente mais empreendedores e menos “pedinchões”. O que não é nada mau, pois 2013 é já ali e há que começar a preparar o futuro.

Carlos Pinto

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Liberdade


João Serpa andou nas bocas do mundo na passada semana. Tudo porque este membro do Sindicato da Construção Civil do Sul foi condenado a 75 dias de prisão devido a uma manifestação realizada de forma ilegal em 2005, sem que para tal tenha sido previamente notificado no intuito de melhor preparar a sua defesa. Numa situação que deveria motivar a reflexão sobre o actual estado da Justiça em Portugal ou o cada vez mais evidente desfasamento de algumas leis da Constituição, as vozes do costume optaram por utilizar o caso de João Serpa, que não vai além do foro jurídico, para endossar criticas ao Governo, acusando-o de estar a toldar a liberdade em Portugal. Contudo, não deixa de ser curioso que aqueles que mais aludem ao “tempo da velha senhora” para definir os dias de hoje sejam os mesmos que, enquanto força sindical, não deixam um secretário-geral escolher a equipa com que vai trabalhar. Ou que, enquanto força política, sejam aqueles que fazem a apologia de um Estado em que os cidadãos são forçados pela polícia a votar para a Assembleia Nacional, para a qual só se podem candidatar membros de um determinado partido. Serão estas as várias facetas da liberdade e da democracia?

Carlos Pinto

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Miguel Sousa Tavares


Sempre apreciei o trabalho de Miguel Sousa Tavares. Exceptuando a sua irascível costela portista [de FC Porto, entenda-se!], o antigo director da “Grande Reportagem” e autor de excelentes trabalhos jornalísticos sempre nos habituou a um equilíbrio límpido: contundente e mordaz quando tinha de ser, elogioso e lúcido se houvesse razão para isso!Nos últimos tempos, acomodado no pedestal dos grandes sucessos literários e em palanques confortáveis como o “Expresso” e a TVI, o Sousa Tavares de antigamente resvalou para uma atitude assoberbada. Leiam-se os textos sobre a Lei do Tabaco, a ASAE e outros que recentemente publicou. Descobrimos ali um homem extremado, com tiques de cegueira e muitas vezes nada tolerante. Será que é passageiro ou vamos ter o velho Miguel de volta?

AJB