quinta-feira, 31 de julho de 2008

A vitória do egoísmo


“A imprensa italiana noticiou esta semana a ‘indiferença’ dos banhistas que almoçavam e apanhavam Sol numa praia de Torregaveta, a escassos metros dos corpos de duas crianças ciganas que morreram afogadas. Segundo o jornal ‘La Repubblica’, Violetta e Cristina, de 11 e 12 anos, vendiam objectos na praia, na zona de Nápoles, com outras duas amigas (de 15 e oito anos) quando terão decidido tomar banho no mar. As raparigas não saberiam nadar e ter-se-ão afogado quando foram apanhadas numa onda. Os nadadores-salvadores só conseguiram salvar as amigas de Violetta e Cristina. Os seus corpos foram levados até à praia e cobertos com toalhas, o que atraiu a curiosidade dos banhistas. Mas por pouco tempo, porque depois dispersaram lentamente. Uma hora depois chegou a polícia que levou os corpos. Durante este tempo, poucos foram aqueles que deixaram de apanhar Sol ou de almoçar, a escassos metros dos corpos das crianças”.
A notícia foi recentemente editada no jornal “Público” e põe a nu a mais dura realidade em que vivemos. Perante a desgraça das minorias, o desalento dos pobres e o sofrimento dos mais desfavorecidos, há uma sociedade globalizada, cada vez mais insensível e debruçada sobre os seus compromissos egoístas.
Que faz cada um de nós para contrariar este quadro crescente de desumanização? Para onde caminha o nosso mundo, onde os valores individuais há muito que superaram a solidariedade, o compromisso colectivo e a relação fraterna entre as pessoas e os povos, independentemente das suas raças e credos?
Infelizmente, nem as sociedades nem os governantes agem para abrandar o problema. O que conta cada vez mais são as contas correntes de uma sociedade concentrada na economia e no valor do dinheiro. Com isto, estamos envolvidos numa equação cujo resultado está à vista: mais pobreza e mais desumanidade; mais egoísmo e mais consumo; mais indiferença e mais desalento. E que contributo dá cada um de nós para contrariar este estado de coisas? É uma boa pergunta, sobre a qual devemos ponderar e reflectir. Para percebermos se a culpa é apenas dos outros…

AJB

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Associativismo em crise


Certo dia, passava os olhos pelo extinto semanário desportivo “Topo Sul” e reencontrava muitas caras conhecidas, mas com os rostos bem mais joviais, com menos rugas e cabelos mais fartos. Apercebi-me então o quanto envelhecemos durante 10, 15 anos ou de como o tempo pode alterar drasticamente muita da nossa fisionomia.
Mas esta viagem pelo passado recente da região – ainda que filtrado pelas páginas de um jornal desportivo – serviu, igualmente, para constatar algo que é por demais evidente: somos cada vez menos. E quase sempre os mesmos a fazer as mesmas coisas. Dos jornalistas aos futebolistas. Dos políticos aos treinadores. Dos empresários aos dirigentes. E estes são sinais preocupantes para uma região que se encontra ainda no limbo entre o desejado desenvolvimento sustentado e a anunciada desertificação humana.
Com o passar dos anos, o Baixo Alentejo não soube renovar as suas gerações nem tão pouco segurar os poucos jovens que por cá nasceram. E com o avançar dos tempos, a região envelheceu, tornou-se depressiva e azeda, incapaz de encontrar alternativas que a catapultassem para outros estádios de desenvolvimento. Será culpa dos governos? Talvez… Dos políticos? Também… Mas a culpa é, sobretudo, de todos nós!
Mais que a falta de dinâmica económica, a região deixou-se enredar numa preocupante crise humana, sem pessoas interessadas e despidas de causas. Como escrevi no início do ano, nos tempos em que as dificuldades eram muitas e as condições de trabalho poucas, era comum os baixo-alentejanos abraçarem com vigor a causa das associações das suas terras. Mas hoje são poucos aqueles que disponibilizam o seu escasso tempo para o bem comum. Será apenas desinteresse ou também desilusão?
Neste quadro pardo, é difícil apontar soluções de forma clara e executá-las de maneira ainda mais eficaz. Afinal, este é um problema civilizacional, que atravessa o mundo de lés-a-lés e se torna ainda mais evidente no Baixo Alentejo. Mas há que combatê-lo. Desde logo na escola, apostando na formação e no civismo. E depois no seio das próprias colectividades, estimulando os mais novos a participarem de forma activa na sua vida e não fechando os “gabinetes do poder” à crítica ou restringindo-os aos “suspeitos do costume”. Pois se nem os diamantes são eternos, porque só agora alguns dirigentes compreenderam isso?

PS - A crise do associativismo regional tem agora como "exemplo prático" o adeus do Entradense ao futebol sénior. Algo que não deve ser encarado com a leveza de um assunto típico da silly season regional, mas sim levantar a reflexão. Porque mais portas podem estar para fechar. Hoje ou amanhã!

CP

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Noite de blues em Aljustrel


O Espaço Oficinas de Formação e a Animação Cultural de Aljustrel acolhe na noite desta sexta-feira, 4, às 22 horas, uma noite de blues com o grupo Old Blues Band. Com três músicos residentes e mais de dez anos de existência, a Old Blues Band é oriunda do Barreiro e conta com largas dezenas de espectáculos um pouco por todo o país. Este serão musical vem dar continuidade à iniciativa de “Animação do Pátio” que pretende oferecer ao público, às sextas-feiras, de 15 em 15 dias, até ao mês de Setembro, um espectáculo “que se destacará pela qualidade dos artistas”. O próximo espectáculo está previsto para o dia 11 de Julho, com a actuação da banda Anaquim.