sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Carvalho da Silva


Manuel Carvalho da Silva afirma-se cada vez mais como um grande líder sindical que soube fortalecer a sua intervenção e influência para além da máquina comunista que, ontem e hoje, sempre controlou a CGTP. Por isso se tornou um homem muito respeitado, da esquerda à direita, junto da Igreja e nos diversos sectores sociais. Quando isso acontece, o PCP costuma suspeitar e rapidamente catalogar as pessoas como figuras subversivas. Será portanto natural que a “máquina” comunista já tenha tratado da sucessão, escolhendo um qualquer seguidista que vai obedecer sem pestanejar às orientações da direcção do PCP, mesmo que estas submetam os interesses sindicais aos interesses partidários. Assim se vê a força do colectivo!

AJB

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

(Mau) Exemplo

O exemplo deve vir sempre de cima e mandam as regras da ética política que os governantes sejam os primeiros a fazer aquilo que tem de ser feito. E que, tal como a mulher de César, não se limitem a ser – têm também de parecer. Vem isto a propósito da noticiada aquisição, por parte do Ministério da Justiça, de cinco carros de alta cilindrada no valor total de cerca de 180 mil euros.
Fosse noutra ocasião económica e tal notícia não passaria de um fait-divers insignificante, que se perderia na voragem mediática do quotidiano. Mas nos dias que correm, em que a toda a hora se ouvem apelos ao rigor e à contenção orçamental, este facto encerra em si algo bem mais prejudicial que o simples gasto de 180 mil euros do erário público em cinco carros de luxo.
Estas viatura ficarão, para a posteridade, como a prova provada de que há governantes que continuam a fazer da sua acção um exemplo perfeito do “faz o que eu digo, não faças o que eu faço”. E este acaba por ser mais um caso de falta de decoro e um mau exemplo que, junto a outros tantos, dão azo à abissal desconfiança com que a sociedade civil encara a comunidade política.

Carlos Pinto

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Vazio


Ota ou Alcochete? Alcochete ou Ota? Não sei se haverá algum português que continue a suportar esta dúvida e a insistência diária da comunicação social sobre o assunto. Como já se percebeu, o Governo tem um calendário próprio e não quer falar sobre o assunto antes do final deste ano. Venham estudos, pressões ou opiniões de gente muito importante, o anúncio está guardado a sete chaves. Mas, quando não há mais nada para abrir noticiários, lá vem um novo especialista ou uma dúvida oportuna de alguém muito influente. Para os portugueses o assunto já fede. Não haverá ninguém que pare este martelar em coisas ocas?

AJB

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

A Guerra


Para quem, como eu, nasceu e cresceu em total ambiente de liberdade, a guerra do Ultramar não é mais que um facto histórico abordado em algumas (poucas) aulas. Uma página negra na História de Portugal, mas que pouco aprece afectar aqueles que nasceram depois do 25 de Abril. A guerra do Ultramar está para os jovens portugueses – e salvo a devida dimensão – como a guerra do Vietname para os jovens norte-americanos: não passa de um acontecimento distante, inócuo, capaz de dar azo a alguns (bons) filmes de entretenimento.
Contudo, a guerra do Ultramar (assim como a do Vietname e outras tantas) é bem mais que um facto histórico. É algo que marcou profundamente toda uma sociedade e várias gerações de portugueses. É uma ferida por sarar que continua, em silêncio, a atormentar homens e mulheres com quem diariamente nos cruzamos.
Por isso mesmo, o trabalho jornalístico que Joaquim Furtado tem apresentado às terças-feiras na RTP é merecedor da atenção de todos aqueles que, como eu, encaram a guerra do Ultramar como algo que está apenas na génese das tatuagens “Amor de mãe” ou “Angola 66”. Porque aqueles 40 minutos recheados de imagens a preto-e-branco das colunas em movimento de soldados portugueses, de relatos minuciosos das operações de guerrilhas por militantes da UPA ou por descrições das inúmeras batalhas no coração da savana africana valem bem mais que uma dúzia de anos de escolaridade obrigatória.


Carlos Pinto