O exemplo deve vir sempre de cima e mandam as regras da ética política que os governantes sejam os primeiros a fazer aquilo que tem de ser feito. E que, tal como a mulher de César, não se limitem a ser – têm também de parecer. Vem isto a propósito da noticiada aquisição, por parte do Ministério da Justiça, de cinco carros de alta cilindrada no valor total de cerca de 180 mil euros.
Fosse noutra ocasião económica e tal notícia não passaria de um fait-divers insignificante, que se perderia na voragem mediática do quotidiano. Mas nos dias que correm, em que a toda a hora se ouvem apelos ao rigor e à contenção orçamental, este facto encerra em si algo bem mais prejudicial que o simples gasto de 180 mil euros do erário público em cinco carros de luxo.
Estas viatura ficarão, para a posteridade, como a prova provada de que há governantes que continuam a fazer da sua acção um exemplo perfeito do “faz o que eu digo, não faças o que eu faço”. E este acaba por ser mais um caso de falta de decoro e um mau exemplo que, junto a outros tantos, dão azo à abissal desconfiança com que a sociedade civil encara a comunidade política.
Carlos Pinto
Sem comentários:
Enviar um comentário